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Archive for the ‘Carnaval 2014’ Category

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Bloco “Simpatia é quase amor” em Ipanema – Foto G1

Nos últimos anos o carnaval de rua na Cidade do Rio de Janeiro vem se revitalizando, atraindo milhares de foliões de fora do Estado e mantendo nela a sua população amante da folia.

Essa revitalização tem como base uma série de fatores, alguns deles advindos dos apoios dados pelo estado e prefeitura (certos blocos, como o Cordão do Bola Preta e o Cacique de Ramos, foram tombados como Patrimônio Imaterial da Cidade do Rio de Janeiro – reconhecidos, assim, como patrimônio cultural), bem como grandes patrocínios de empresas privadas.

Em 2011 foram autorizados a desfilar na cidade, na época carnavalesca (compreendendo os finais de semana anterior e posterior aos dias de folia), 424 blocos. Isto quer dizer que 424 agremiações foram aprovadas pela prefeitura – dentre muitas outras mais que se candidataram a promover seus desfiles -, depois de fornecerem uma série de informações, tais como: percurso a ser percorrido; horário de início e de término; número estimado de integrantes. Tudo isso para que o serviço público pusesse à disposição dos foliões a infra-estrutura necessária, como policiamento, fiscais de trânsito, além das medidas necessárias para não prejudicar aqueles que não quisessem participar dos folguedos.

O resultado numérico da participação naquele ano foi de impressionar : cinco milhões de pessoas brincaram, cantaram, beberam, se divertiram, enfim, foram felizes , carnavalescamente falando, da maneira que quiseram.

É verdade que quatro ou cinco blocos foram responsáveis por mais da metade desse número de integrantes: o Cordão do Bola Preta reuniu dois milhões de foliões num sábado; o Monobloco, quatrocentas mil pessoas num domingo, o Suvaco de Cristo, a Banda de Ipanema, o Simpatia é Quase Amor, levaram, em total, centenas de milhares de indivíduos para as ruas. Apesar dessa concentração, remanesceram muitos outros participantes espalhados pelas demais agremiações autorizadas, retratando uma festa bem diversificada, em termos de locais, horários e gostos.

Para o carnaval de 2012 foram aprovados os desfiles de 425 agremiações, alterando-se alguns trajetos em relação ao ano anterior, de forma a evitar sobreposição de atrações, responsável por transtornos para os passantes, para o trânsito e para os moradores dos locais.

A relação oficial dos blocos autorizados, com horário e percurso, está disponível em blogs e sites especializados. Este texto se propõe a destacar o nome de alguns desses blocos autorizados a desfilar. Bem ao estilo do humor dos cariocas, eles são engraçados, alegres, singelos, maliciosos, irreverentes, debochados, de duplo sentido, mas, acima de tudo, criativos. Verdadeiras pérolas, como se pode notar na seguinte relação que, se não chega a ser original, pois outros fazem lista parcialmente similar, tenta mostrar o espírito que envolve a festa :

  • Imprensa que eu gamo
  • Meu bem, volto já
  • Mulheres de Chico
  • Não mexe que fede
  • O pluto é filho da pluta
  • Rola preguiçosa tarda, mas não falha
  • Empurra que pega
  • Que merda é essa?
  • É pequeno, mas vai crescer
  • Eu choro curto, mas Rio Comprido
  • Suvaco de Cristo
  • Concentra, mas não sai
  • Simpatia é quase amor
  • Vem ni mim que sou facinha
  • Cachorro cansado
  • Largo do Machado, mas não largo do copo
  • Tá cheio de maluco aí
  • Voltar pra quê?
  • O berro da viúva
  • Katuca que ela pula

Notas:

…O “Imprensa que eu gamo” foi criado, e até hoje é frequentado, por profissionais da imprensa.

… A agremiação “Mulheres de Chico” é composta somente por mulheres tocando os instrumentos. Com atuação também fora da época do carnaval, mistura samba, axé, etc. Seu repertório é calcado nas músicas do compositor Chico Buarque. O nome Mulheres de Chico significa também uma brincadeira com a expressão meio chula utilizada por alguns ao definir a situação das mulheres, quando mensalmente “incomodadas”.

… O bloco “Que merda é essa?” foi alvo de uma grande polêmica em 2011 ao trazer como enredo uma sátira à tentativa de “censura” do livro Caçadas de Pedrinho, do Monteiro Lobato, nas escolas públicas. Trazia nas camisetas a figura do escritor, abraçado a uma mulata de biquíni. O estilo desse bloco é o de fazer críticas sociais em seus desfiles. Aliás, por conta disso, na votação ocorrida num jornal de grande circulação, foi agraciado naquele ano com um prêmio especial, pela defesa da liberdade de expressão.

… Rio Comprido e Largo do Machado são bairros da Cidade do Rio de Janeiro.

…O “Suvaco de Cristo”, criado há 26 anos, desfila pelo bairro do Jardim Botânico, no sopé do Morro do Corcovado, tendo por cima, lá nas alturas, o braço direito de uma das sete maravilhas do mundo moderno, a estátua do Cristo Redentor.

… O “Concentra, mas não sai” representa o que efetivamente acontece. O bloco não desfila, fica estacionado. Músicos e participantes se encontram nos bares do local de concentração, tocando, sambando, cantando, comendo, bebendo. Pura diversão. Muito concorrido. Dizem que à época em que foi criado, ao chegar o momento do início do desfile, os músicos levantavam da cadeira, davam uma volta em torno dela e tornavam a sentar, em nome do simbolismo que a festa requeria.

… Segundo Ruy Castro em seu livro “Ela é Carioca”, que descreve os anos áureos de Ipanema, período responsável por esse pedaço de terra ter se tornado um dos bairros mais conhecidos mundialmente, o nome do bloco “Simpatia é quase amor”, que lá nasceu em 1985 e lá se agigantou, foi extraído do personagem “Esmeraldo Simpatia é Quase Amor”, do livro de Aldir Blanc, “Rua dos Artistas e Arredores”. O bloco teve como sua primeira musa a grande jogadora de vôlei, Isabel, e as suas cores, lilás e amarelo, foram inspiradas na então embalagem do Engov, antiácido de primeira necessidade entre seus organizadores, amantes de um bom copo.

Fonte: Lista oficial da Prefeitura do Rio de Janeiro, consultada através do Google.

(Publicado originalmente em 26 de dezembro de 2012)

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