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Archive for the ‘João Ubaldo – 2006’ Category

Vamos colaborar – João Ubaldo Ribeiro

Empenhado em me dedicar à solucionática, em vez da problemática, tenho pensado muito em nós, como povo. É indiscutível que, com a nossa existência, como já tive oportunidade de escrever, atrapalhamos bastante o governo. Dizem que Calígula, o famoso imperador romano que nomeou seu cavalo senador (hoje não fazemos mais isso, desmando de tirano degenerado; hoje elegemos mesmo), expressou o desejo de que seu povo tivesse um só pescoço, para que ele pudesse cortá-lo logo de uma vez e, assim, resolver as chateações que ele lhe causava.

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Tudo dentro da normalidade – João Ubaldo Ribeiro

Devo ter tido o juízo afetado por aquela Copa estranha, porque, tanto tempo depois, permaneço numa sensação de irrealidade e dei para de vez em quando parar o que estou fazendo para querer saber onde estou, de que me trato, o que é tudo isso em torno. Tenho um psiquiatra de estimação, a competência encar-nada, ao qual sou obrigado às vezes a recorrer, nestes momentos em que a Mãe Gentil nos deixa tão perplexos, confusos, descrentes e em crises de hilaridade demente. Decidi então marcar uma horinha com ele, porque, novamente, me atacou a Dúvida Cruel: não é o mundo que está maluco, sou eu. E, especialmente, não é o Brasil que está doido, sou eu, tendo alucinações e pensando em acontecimentos impossíveis.

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Tristeza – João Ubaldo Ribeiro

Por acaso eu estava apalermado e desorientado, assistindo pela tevê ao que acontecia em São Paulo, quando um amigo paulista ligou.

— Meu Deus do céu, estou aqui apavorado, diante da tevê! — disse eu, antes que ele falasse qualquer coisa. — O que é que está havendo aí?

— O que você está assistindo.
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Traumas carnavalescos – João Ubaldo Ribeiro

Tenho uma amiga que diz que todos os nossos problemas são por causa de traumas de infância. Estou inclinado a acreditar que é verdade, porque meus problemas com o carnaval só podem ser causados pelo trauma que passei em meu primeiro baile infantil, enfrentado quando eu morava em Aracaju. Fui fantasiado de pierrô: roupa de cetim azul, borlas cor-de-rosa no lugar dos botões, um chapéu cônico com uma outra borla no topo, duas rodelas de ruge na cara, batom e pó-de-arroz. Cheguei a suspeitar que minha mãe preferia que eu tivesse nascido menina e, se pudesse, me fantasiaria de colombina. O fato é que eu não queria entrar no baile e me transformei, para o resto da vida, num carnavalesco singular, pois gosto do carnaval na teoria e sou contra na prática.

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Tem governo aí, não? – João Ubaldo Ribeiro

Uma coisa que ninguém pode nos negar é a originalidade. Já começa que devemos ser, como diziam os professores, o mais extenso país do mundo em terras contínuas e férteis. E, se não somos, estamos perto. Somos também um país dotado de imensos recursos naturais e um clima no geral amigável e não temos tribos ou facções secularmente inimigas. Somos, assim ou assado, uma nação, com a mesma língua e os mesmos traços culturais. Fica difícil entender, portanto, a razão por que tanto atraso e problemas tão terríveis.

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Taí, agora senti firmeza – João Ubaldo Ribeiro

Vou contar muito resumidamente a história, apesar de ela ter saído em todos os jornais, porque já se passou mais de uma semana e nossa memória não é muito bem-falada. Uma senhora de 67 anos, d. Maria Dora dos Santos Arbex, ao ser atacada por um assaltante, abriu a bolsa, sacou um revólver e deu um tiro na mão do agressor. Desejo manifestar minha modesta opinião sobre o assunto e parte do que, pelo menos até o momento, ele rendeu.

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Há certas coisas no PT que vêm fazendo falta, principalmente aos inclinados ao saudosismo, como eu. Vêm marcando meu tempo, são parte, queira eu ou não, da minha história. Ao contrário de muitos, ouço dizer que até no governo, gostei, por exemplo, de ver a estrela vermelha no maiô da primeira-dama, tenho sentido saudades daquele símbolo outrora tão ostentado e praticamente brasão da esperança para tantos de nós (desta vez, apesar dos números do segundo turno, menos, ou o presidente teria ganho no primeiro).

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