Posted in João Ubaldo - 2005 on domingo, outubro 5, 2008|
Vamos ser sinceros, não importa que inclinações ideológicas abracemos. Eles têm feito muita falta. Acho que não havia aspecto da vida em que eles não estivessem envolvidos. O mundo cruel vai passando por nós — ou, antes, nós por ele — e não nos damos nem conta do fato de que, para as gerações mais novas, a palavra nunca será, nem de longe, tão rica em conotações quanto é para os mais velhos. O comunismo era ainda muito mais aperfeiçoado, em estar a favor ou por trás de tudo o de ruim que acontecesse ou fosse temido, do que a imprensa, e olhem que isto não é dizer pouco no Brasil de nossos dias. Até revista pornô era coisa de comunista, para solapar os alicerces morais da burguesia e desmascarar-lhe a hipocrisia. E tinha gente para a qual era xingamento, geralmente acompanhado de “descarado”. Não sei por quê, mas, pelo menos no meu tempo de juventude e de aspirante frustrado a comunista, quando o sujeito xingava um comunista, dizia sempre “comunista descarado”. Pelo menos na Bahia, onde até eu já fui descrito como comunista descarado, era assim. O comunista era uma parte muito rica da nossa realidade, não financeiramente, a despeito do ouro de Moscou, mas culturalmente. Era mesmo chique ser prafrentex (ainda se usa isto?), ser comunista e “épater le bour-geois” — não vou traduzir, pergunte a seu avô. Era assim que minha ala, a dos Feiosos sem Grana, conseguia aproximar-se, às vezes com resultados inacredi-táveis, das belas moças disponíveis.
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