Feeds:
Posts
Comentários

Archive for the ‘João Ubaldo – 2005’ Category

Língua - Vidas em português

 

Todo mundo, pelo menos todo mundo com quem converso, sabe que tive problemas com álcool e, de certa forma, sempre terei, porque ele é meu inimigo permanente. Saiu até minha cara toda inchada na capa de uma revista, apareci igualmente inchado e meio bêbedo num programa de tevê em que eu era o assunto e, quando ia falar no sofrimento que estava enfrentando, as luzes se apagaram. Todo mundo, do Bial, que me entrevistava, ao pessoal da equipe, ficou impressionado, há quem até hoje ache que foi intencional. E as pessoas não se esquecem do passado, mas são gentis, ao se referirem ao assunto.

(mais…)

Read Full Post »

Vou votar contra – João Ubaldo Ribeiro

Faz quase dois anos, escrevi aqui contra a lei que deverá proibir o comércio de armas no Brasil. Fico meio (serei moderno e vou usar essa palavra; todo mundo usa e preciso ser moderno ou perecer) sacaneado, quando me põem no bolo dos “babacas da mídia” que só defendem direitos humanos para crimino-sos e trabalham pela aprovação de leis como essa do desarmamento. Nem sei que babacas são esses, eis que babacas há em toda profissão ou condição social, mas escrevi aqui contra o tal desarmamento. Precisava até de mais espaço do que o muito que já me dão, de forma que não é para poupar trabalho que reproduzo três parágrafos daquele texto. É porque iria repeti-los, com outras palavras. Escrevi o que vai grifado abaixo: (mais…)

Read Full Post »

Vocês aí – João Ubaldo Ribeiro

Peço desculpas pela repetição de algo que já escrevi aqui diversas vezes, mas acho necessário, porque persiste minha impressão de que o povo brasileiro esquece uma verdade importante. Entre nós vigora a soberania popular, expressa no belo enunciado “todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”. Embora a Constituição seja violentada ou ignorada o tempo todo, a manutenção desse princípio é básica e consagra a verdade de que o dono do país é o povo e que todo servidor público, eleito, concursado ou nomeado por compadrio é empregado do povo e lhe deve serviço e satisfações.

(mais…)

Read Full Post »

— Tu viu, o homem tá engrossando, já vi ele dando umas quatro broncas brabas.

(mais…)

Read Full Post »

Vamos ser sinceros, não importa que inclinações ideológicas abracemos. Eles têm feito muita falta. Acho que não havia aspecto da vida em que eles não estivessem envolvidos. O mundo cruel vai passando por nós — ou, antes, nós por ele — e não nos damos nem conta do fato de que, para as gerações mais novas, a palavra nunca será, nem de longe, tão rica em conotações quanto é para os mais velhos. O comunismo era ainda muito mais aperfeiçoado, em estar a favor ou por trás de tudo o de ruim que acontecesse ou fosse temido, do que a imprensa, e olhem que isto não é dizer pouco no Brasil de nossos dias. Até revista pornô era coisa de comunista, para solapar os alicerces morais da burguesia e desmascarar-lhe a hipocrisia. E tinha gente para a qual era xingamento, geralmente acompanhado de “descarado”. Não sei por quê, mas, pelo menos no meu tempo de juventude e de aspirante frustrado a comunista, quando o sujeito xingava um comunista, dizia sempre “comunista descarado”. Pelo menos na Bahia, onde até eu já fui descrito como comunista descarado, era assim. O comunista era uma parte muito rica da nossa realidade, não financeiramente, a despeito do ouro de Moscou, mas culturalmente. Era mesmo chique ser prafrentex (ainda se usa isto?), ser comunista e “épater le bour-geois” — não vou traduzir, pergunte a seu avô. Era assim que minha ala, a dos Feiosos sem Grana, conseguia aproximar-se, às vezes com resultados inacredi-táveis, das belas moças disponíveis.

(mais…)

Read Full Post »

Poucas vezes testemunhei tamanha confusão em relação a um problema de interesse geral como nessa história do Sim ou do Não para um artigo do chamado Estatuto do Desarmamento. Concluí, em visão talvez simplória, que não iam desarmar os bandidos, que iam fomentar toda uma economia delinqüente em torno do tráfico ilegal de armas e munições e que tais circunstâncias me justificariam dizer “não” à diabólica pergunta a que vamos ter de responder. Assisti a discussões de pessoas esclarecidas, que não conseguiam avaliar o significado de um “sim” ou “não” na hora do voto. O que o “sim” significava para uns queria dizer o contrário para outros. Vi gente quase sair no tapa por causa disso e eu mesmo me peguei cheio de incertezas bem na hora em que começava a achar que tinha certeza.

(mais…)

Read Full Post »

Vejam vocês, o sujeito pensa que já viu tudo, tendo nascido na primeira metade do século passado, e se tornando foca (involuntário — meu pai não era moleza e me meteu numa redação de jornal sem me consultar e eu que voltasse para casa rejeitado, porque destino mais ameno teria quem embarcas-se para a Coréia por volta daquela época) aos 17 anos e militado em tudo que é tipo de coisa em redação de jornal, no tempo em que se berrava e fumava nas redações, só tinha uma mulher ou outra, assim mesmo considerada meio anormal, ou de comportamento sexual aberrante ou vítima de distúrbios mentais, e bastava aprender a pilotar uma Remington para tentar se dar bem.

(mais…)

Read Full Post »

Older Posts »