Quando penso em escrever algo sobre o Leblon, não deixo de consultar o livro do meu amigo Rogério Barbosa Lima, O Antigo Leblon – Uma Aldeia Encantada. É lá que encontro inspiração e muita informação sobre o bairro que me fascina e onde passei os melhores anos da minha vida. Aos seis meses fui morar na José Linhares, que na época se chamava Acaraí, mudando em seguida para o Grajaú. Mais tarde, na década de 60, retornei ao bairro.
Costumava frequentar o início do Leblon, próximo ao Jardim de Alah. Era ali que passava horas pescando tainhas no canal do Jardim de Alah, jogando volei na praia, nas tardes de sábado, na rede dos alemães e, quando bem pequeno, andava de charretes de bodinhos em uma tranquila Av. Borges de Medeiros ou passeava de barco a remo nas águas limpas do canal.
Naquela época, idos de 1950, não poderia imaginar que alguns anos mais tarde ali seria construído o Conjunto dos Jornalistas, onde meu pai compraria um dos seus apartamentos. Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Troquei a zona norte, o bairro do Grajaú, pela zona sul, no despontar da Bossa Nova. Chegava ao lugar certo na hora certa. Deixei o Colégio Marista São José e fui estudar no Mallet Soares, em Copacabana, na mesma turma onde Carlos Lira havia estado um pouco antes de mim.
Vamos trocar a conversa por algumas imagens, encontradas nos arquivos do meu computador. Sempre que acho uma foto que me agrada, salvo-a para usar mais tarde. Chegou o momento.
Leblon, altura do Jardim de Alah, início do século passado.
Na esquina da Ataulfo de Paiva ficava um pequeno atracadouro onde se embarcava no barquinho para uma volta até a lagoa. No mesmo lugar havia um senhor, com um grande cilindro de gás, vendendo balões de borracha.
No Jardim de Alah há uma enorme pedra, que um dia já foi uma ilha, e pode ser vista em fotos antigas. Ela está situada entre o Conjunto dos Jornalistas e a Cruzada São Sebastião. Hoje ninguém pode vê-la, pois o Shopping Leblon foi construído sobre ela. Onde está a Cruzada São Sebastião havia apenas égua. A lagoa chegava até ali, como atesta esta imagem do Augusto Malta:
Lagoa Rodrigo de Freitas, encostada ao lado norte da Pedreira do Baiano, onde hoje está a Cruzada São Sebastião. Sobre a grande pedra foi construído o Shopping Leblon. Em 1921, quando Augusto Malta fez e foto, o local era conhecido como “Pedra da Bahiana“. Felizmente Augusto Malta estava presente em todos os lugares do Rio antigo e seus registros eram todos identificados, com sua letra inconfundível, tombada para a esquerda.
Para encerrar a sequência, o Leblon em 1910, antes de qualquer urbanização. Somente os índios Tamoios se aventuravam por essas areias:
O Leblon na década de 60, quando se podia ver o Conjunto dos Jornalistas de qualquer ponto da praia. Seus três prédios constavam de cartas náuticas e orientavam os navios que chegavam ao porto do Rio de Janeiro:
Read Full Post »