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Archive for the ‘Martha Medeiros’ Category

Por mais justas que sejam as reivindicações por melhoras no país, fica difícil apoiar black blocs, que se manifestam através da violência e da depredação, sem estimular nenhuma ideia original, nenhuma consciência – apenas promovem pânico e prejuízos à cidade.

Para encerrar a série de crônicas inspiradas em Londres, me parece oportuno lembrar de Banksy, grafiteiro inglês que há uns 10 anos preenche muros, paredes, pontes e estações de metrô com grafites ora engraçados, ora chocantes. Agindo de madrugada, disfarçando-se com nariz postiço e óculos escuros, ele faz suas interferências urbanas de uma forma extremamente audaciosa – introduz objetos em monumentos públicos, instala avisos surpreendentes em meio aos lagos dos parques e até já conseguiu colar obras suas nas paredes dos museus mais respeitados da Inglaterra.

Às vezes, leva uma ou duas horas para que descubram e apaguem seus grafites ou retirem das paredes suas marcas de protesto, mas já conseguiu que levasse dias e até meses antes de ter sua arte recolhida. E detalhe: até hoje, ninguém sabe quem ele é.

Se a polícia não gosta nada do moço, a população rendeu-se a esse transgressor misterioso, e o inusitado aconteceu: hoje suas obras valem milhares de libras e estabelecimentos comerciais rezam para ter suas paredes pichadas por Banksy.

Ele defende o grafite como uma arte honesta e popular. Diz que é uma resposta aos milhares de anúncios publicitários estampados em painéis gigantescos por toda a cidade, inclusive nas laterais dos ônibus: por que todos aceitam que a cidade se desfigure com publicidade e não com o grafite artístico? Ele mesmo responde: as pessoas acham que só o que gera lucro tem o direito de existir.

Banksy apronta e faz pensar. Esconde-se porque o grafite ainda é considerado subversivo, e também para denunciar essa sociedade que valoriza mais o artista do que sua arte: hoje estão todos mais interessados em saber que rosto têm, como se vestem, com quem namoram as grandes estrelas, em vez de focarem apenas no trabalho que fazem.

Pois através do mistério, Banksy conseguiu total visibilidade para o que faz e ficou famoso sem aparecer. Há quem diga que ele não existe, que as obras são criações coletivas de um grupo, que o Dalai Lama é seu fã, que ele foi expulso da escola por causa de uma briga em que não teve culpa, por isso sua obsessão por justiça social. Rumores que só reforçam o mito.

Dilapidar patrimônio público e placas de sinalização é crime, bandidagem. Já Banksy não depreda nem picha imundícies: ele tem um propósito e uma estética, por isso se diferencia. Inverte nosso senso de ordem, denuncia hipocrisias e surpreende com seu espírito rebelde e um talento gráfico inquestionável. Diz que gostaria de ter permissão para fazer o que faz, mas, não tendo, vai em frente contando com o perdão da cidade. Tem conseguido. Demonstrou que é possível protestar com inteligência e pacificamente.

ZERO HORA – 21/08/2013

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Temos escolha – Martha Medeiros

Ficar sentado esperando que a vida escolha por nós não é uma opção confortável como parece.

 

 

No interessante livro “Homem Lento”, de J. M. Coetzee, há uma passagem que me marcou. É um confronto verbal entre o personagem principal do livro, um homem de mais de 60 anos que teve uma perna amputada depois de um acidente de bicicleta, e um garoto adolescente. Ambos estão no sombrio e decadente apartamento do velho, que resmunga: “Eu fui ultrapassado pelo tempo. Este apartamento e tudo o que existe dentro dele foi ultrapassado pelo tempo”. O garoto pergunta se ele não gosta de coisas novas. O velho (que nem é tão velho) responde: “Isso tudo um dia foi novo. Tudo no mundo um dia foi novo. Até eu fui novo. Na hora em que nasci, eu era a coisa mais moderna da face da Terra”.

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35 anos para ser feliz – Martha Medeiros

Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas foi que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos. Quem participou desse encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo? Não sei. Mas gostei do resultado. (mais…)

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